Qual a diferença entre Business Games, Jogos em E-Learning, Serious Games e Jogos Educativos?

Os jogos têm conquistado cada vez mais espaço não apenas no mundo do entretenimento, onde sempre foram destaque, mas agora também no mundo da educação e treinamento. E dentro deste novo mundo, apesar de todo o seu potencial, os jogos ainda engatinham nas soluções propostas. Há bastante oba-oba e interesse por parte de todos, mas pouca prática a respeito. Muito devido a um universo de interesses por detrás (tema este para futuro post) que entram em choque e impedem o livre crescimento dos jogos nestas áreas educacionais, e muito devido a falta de pessoas realmente capacitadas para criar tais jogos mesclando o objetivo pedagógico sem excluir o objetivo da diversão e do desafio, típicos em games.

Mas, dentro deste novo mundo, ouvimos e lemos diversos termos que parecem dizer sobre um mesmo objeto, ou melhor, que apontam todos para um mesmo objetivo. É o caso, por exemplo, dos termos ‘business games’, ‘jogos no e-learning (ensino a distância)’, ‘serious games’ e ‘jogos educativos’. Não se assuste, isso é muito comum em novas áreas de mercado e de pesquisas que surgem. Esta confusão de termos, hora aplicados para determinados fins, hora para outros, e por fontes diferentes. Como em todo processo de surgimento, existe esta fase inicial de caos e depois, aos poucos, alguns termos vão se sobressaindo em relação a outros, e cada um vai achando o seu espaço.




Apesar de ainda estarmos nesta fase confusa, muitos dirão que não, que já possuem normas, diretrizes, etc, que determinam qual termo deve ser usado em qual situação. Sim, existem tais diretrizes, mas o fato é que ainda não há nada consolidado verdadeiramente pelo mercado e pelos campos de pesquisas acadêmicos. Portanto, o que vou tentar aqui é simplesmente esclarecer da forma mais clara e direta possível o que representam os termos citados inicialmente neste post. Vamos lá.

Business Games: São traduzidos como ‘jogos de empresa’ e são muito conhecidos no meio do RH e do Treinamento corporativo. Até então sempre presenciais, com atividades lúdicas em grupo dentro das empresas, os ‘jogos de empresa’, ou ‘business games’, começaram a ser utilizados também em forma digital, principalmente através da Internet. Os objetivos também ampliaram e se misturaram com os de um jogo para e-learning. Antes, cada um atendia a determinados fins. Enquanto que a maioria dos ‘jogos de empresa’ presenciais visava desenvolver habilidades e competências num grupo de funcionários, os jogos dentro dos cursos de E-Learning visavam testar conhecimentos dos alunos, adquiridos ao longo do curso, ou, em raros casos, visavam ensinar este conteúdo através de um modelo lúdico. Pois bem, atualmente os ‘business games’ podem ser elaborados tanto para desenvolver competências e habilidades nos funcionários, quanto podem também repassar e já testar neles conhecimentos técnicos. Isso, claro, se for um jogo bem projetado e desenvolvido.

Jogos no E-Learning: Este talvez seja o ramo, dentre os novos ramos para os jogos, onde há mais cacique para pouco índio. Todo mundo quer jogos no e-learning, mas quase ninguém realmente cria, projeta ou desenvolve ensino a distância no formato de jogo. No fundo, pegam princípios do e-learning e colocam uma pitada de elementos lúdicos fora de contexto. Em outras palavras, querem ser inovadores, mas não querem criar algo novo. Jogos no E-learning é tema não apenas para um post único, mas sim para diversos (por isso mesmo criei uma categoria de tópicos somente para este tema). Porém, para fins deste post aqui, podemos dizer que os jogos no e-learning são, em sua grande maioria, voltados para testar ou reforçar o conteúdo apreendido (e aprendido) pelo aluno durante o curso. Em alguns casos, podemos ver o próprio jogo servindo como ferramenta e meio por onde parte do conteúdo é ensinado. E em raríssimos casos, o próprio curso é desenvolvido todo em formato de jogo.

Serious Games: Este é um termo muito utilizado lá fora (internacionalmente) e que aos poucos tem tido espaço cada vez maior aqui no Brasil também. Literalmente podemos chamar de ‘jogos sérios’, ou, em outras palavras, jogos que não são voltados apenas para o entretenimento. Na verdade ele inclui os jogos para educação, os jogos para saúde, os jogos para publicidade, os jogos para terapia, e todos os demais jogos que não sejam para fins únicos de diversão. Aliás, aqui cabe um comentário pertinente. Muitos levam o termo ‘jogos sérios’ tão a sério (com o perdão do trocadilho) que criam jogos que são chatos, cansativos e nada divertidos. Tudo bem que possuem interações entre o usuário e a máquina, porém sem qualquer sentido lúdico ou de real diversão. Interação apenas não significa diversão… tanto que temos que interagir para abrir o Word, dando duplo clique, etc, e nada disso soa divertido. Portanto, vai uma dica: se você for trabalhar na área de serious games, sendo um educational game designer, não se esqueça que são jogos! São para divertir antes de tudo! Se não fosse assim, não teria porque chamá-los de jogos e tampouco se usaria eles para estas demais áreas ditas mais sérias como uma alternativa mais atrativa aos usuários.

Jogos educacionais: De modo bem simplista podemos dizer que estes são os jogos para escola. São jogos que procuram trabalhar conteúdo escolar com crianças e adolescentes. Também são conhecidos como jogos educativos. Muitas vezes tratam também de temas sociais, como proteção da natureza, etc. Precisam de uma renovada para atingir seu objetivo junto as crianças e adolescentes, pois muitos ainda as tratam como crianças de dois séculos atrás (e sabemos que essa geração nova é bem diferente daquela, principalmente por serem muito mais antenados nas novas mídias). Isso as fazem perder qualquer interesse pelos jogos educacionais bobos e ‘ultrapassados’. Fora que quase todos os jogos educacionais não são projetados para serem um jogo, e sim para servirem de moldura para um conteúdo de escola. De um tempinho para cá, no entanto, bons projetos têm surgido, mas a maioria com pouco apoio financeiro.

Bom, espero que este post tenha ajudado você a entender um pouco melhor as diferenças entre termos, e principalmente, tenha propiciado uma visão ampla das possibilidades dos games e de como anda a questão técnica do game design destes jogos voltados para ensino e treinamento.

[Atenção: infelizmente muitos dos meus artigos estão sendo copiados ilegalmente por outros sites/blogs. Em alguns casos os donos de tais sites/blogs se colocam como autores dos textos. Um total absurdo e falta de ética. Peço por favor que se você encontrar este artigo ou parte dele em outro site, me informe através do meu e-mail de contato, no final da página ‘sobre mim‘. Muito obrigado.]



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1 respostas para Qual a diferença entre Business Games, Jogos em E-Learning, Serious Games e Jogos Educativos?

  1. Milton Diogo disse:

    Excelente texto.

    Entendo o que quer dizer que alguns jogos educacionais servem apenas de moldura para um conteúdo.

    É o caso de bingos (geométricos, cartesianos, multiplicativo), jogo da forca e joguinhos tipo passa ou repassa, que não são jogos em si.

    Eu os chamo de estrutura de revisão.
    Estrutura porque não são jogos, apenas um modelo genérico, e de revisão porque apenas reforçam o que já foi visto, e não apresentam conceitos que sejam inerentes e subjacentes ao jogo.

    Peter, continue com seus textos esclarecedores \o

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